quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Sobre o fim da meia-entrada



Há alguns dias um projeto de lei visando o fim da meia entrada a estudantes, portadores de deficiência e idosos foi a votação. A justificativa é a de que o número de falsos estudantes vem crescendo, cursinhos fantasmas se proliferaram apenas para gerar a tal carteirinha que comprova que você é estudante. O projeto de lei foi proposto por Eduardo Azeredo, o mesmo cara que quer dar um fim à troca de arquivos na Internet, falarei disso em outra oportunidade. O projeto visa um número limitado de ingressos, no caso de shows, por exemplo, que seriam vendidos pela metade do preço, mas quem garante fiscalização?
É muito fácil para os dirigentes de shows dizerem que os ingressos de meia-entrada já foram vendidos nos primeiros 20 minutos. A única coisa que vão conseguir com o fim da meia-entrada é a diminuição da procura por atividades culturais, se o povo brasileiro não está acostumado a procurar por tais atividades quando elas custam cinco reais, imagine quando custarem 10? E quem se ferra com isso é sempre quem tem menos dinheiro e menos acesso a tais atividades. As empresas que promovem shows já vêm burlando a meia-entrada há tempos, cobrando os preços altíssimos e dizendo que todos pagam a meia entrada, por exemplo, um show custaria 400 reais, mas como as empresas são bondosas, cobram apenas 200 de todo mundo, uma meia-entrada geral. Claro que isso ocorre por causa dos cursinhos fantasmas e falsos estudantes, mas ao invés de implementarem carteirinhas únicas e irreprodutíveis como, por exemplo, o bilhete único ou cartões de crédito, eles simplesmente acham mais prático dar fim a um direito da população. Brincadeira.
O novo projeto de lei define que:
• Meia entrada (50% do valor do ingresso) fica assegurada para estudantes e idosos (a partir de 60 anos) em salas de cinemas, cineclubes, teatros, museus, centros culturais, parques e reservas naturais, espetáculos musicais, circenses, eventos educativos, esportivos, de lazer e entretenimento.

• Impõe cota de 40% de meia entrada por espetáculo. Quando a cota for atingida, estudantes e idosos que estiverem na fila pagam entrada inteira.

• Restringe a emissão da carteira de estudante, que passa a ser controlada pelo Conselho Nacional de Fiscalização, Controle e Regulamentação da Meia Entrada e da Identificação Estudantil, vinculada à Secretaria Geral da Presidência da República.

• O conselho, que terá composição paritária, vai definir a quem competirá a impressão, provavelmente Casa da Moeda, e a permissão para emitir, provavelmente a UNE e a UBES, como no passado.

• Ficam de fora do benefício os cursinhos de inglês e pré-vestibular, os cursos alternativos e os de duração efêmera.

• A meia-entrada também não se aplica a camarotes, áreas e cadeiras especiais.

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo

E não adianta culpar o Senador, ou ir até a casa dele e pixar alguns desaforos no muro (quando eu descobrir o endereço, postarei aqui) quem o colocou lá fomos nós (os mineiros, na verdade), não foi nenhum golpe.

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